CEFAK

A Tirania da Beleza: Cuidado Com os Estereótipos!

Quem ama o feio, bonito lhe parece”, diz o ditado popular.

O que significa exatamente este ditado?

(a) Quem assim se posiciona tem dificuldades em distinguir padrões de belezura.

(b) Esta criatura precisa marcar consulta com um oftalmologista urgente.

(c) Esta pessoa está sendo boazinha, pois, afinal de contas, devemos ser caridosos com todos.

(d) Independente da aparência, todos devemos enxergar no outro o que realmente importa: o seu interior, seus valores e virtudes.

É, falar sobre beleza é complexo, mesmo porque o que uns consideram belo, outros tem percepções opostas. O que constitui a beleza para alguns povos é, para outros, uma horrível fealdade. Ou seja, beleza reveste-se de um caráter bem subjetivo.

Nessa diversidade de percepções, pode-se estabelecer qual seria a aparência perfeita?

Padrões estéticos existiram desde sempre. Dependem da cultura, crenças, época, da região.

Uma vez estabelecidos esses padrões ideais de beleza, surgem os estereótipos. Nada mais são que um “conceito ou imagem preconcebida, padronizada e generalizada estabelecida pelo senso comum, sem conhecimento profundo, sobre algo ou alguém. O estereótipo é usado principalmente para definir e limitar pessoas quanto a aparência, naturalidade (região ou país de origem) e comportamento (religião, cultura, crença, nível de educação, etc).” (Wikipédia)

A mídia é uma grande responsável por propagar os conceitos de padrão de beleza. A televisão, o cinema e redes sociais ajudam a construir essa ideia, bem como as redes sociais. Um dos propósitos é divulgar produtos ou serviços que são comercializados pela indústria da beleza, como cosméticos, procedimentos estéticos, academias, etc.

“(…) A satisfação com a imagem corporal está muito próxima de um bem estar mental”, afirma a professora do Departamento de Pediatria e membro do Núcleo de Investigação em Anorexia e Bulimia do Hospital das Clínicas da UFMG (Niab), Ana Maria Lopes. (i)

E os que não se enquadram no padrão de beleza tido como ideal, por mais que se esforcem?

A imposição de um ideal de beleza e socialmente aceito pode ser inalcançável – certamente o é -, pois a diversidade não é considerada, reforçando os estereótipos existentes, aumentando o preconceito.

Segundo a jornalista e apresentadora Mariana Ferrão, no Programa Jovens em Curto Circuitos, não se consegue mensurar o impacto que as redes sociais causam junto aos jovens, quando o assunto é beleza.

A exigência de um padrão de beleza pode trazer inúmeras consequências, desde problemas de autoestima até o desenvolvimento de distúrbios relacionados à autoimagem.

Daí surgem transtornos emocionais, psicológicos, alimentares, aumento de intervenções cirúrgicas, afetando especialmente a saúde mental do jovem e do adolescente. Os que não atenderem aos critérios tidos como ideais de beleza, reforçados pela mídia, naturalmente serão considerados desqualificados, incapazes, limitados ou menos importante. Consequências da tirania da beleza.

Deixar-se levar pelos impositivos plásticos, ignorando o Eu verdadeiro, resulta em se tornar prisioneiro dos padrões estéticos estabelecidos. Bulimia (ii) e anorexia (iii) – mais comuns em mulheres – e vigorismo (iv) – mais comuns em homens – são alguns exemplos de transtornos psicológicos decorrentes da tirania da beleza.

E quando a beleza plástica é oposta ao caráter, ao comportamento e aos valores expressados pelo indivíduo? Quando o interior vem à tona em atitudes antipáticas, mesquinhas, vaidosas, orgulhosas e egoístas, toda a beleza estética se apaga. Sim, o belo se torna feio.

Tudo isso nos diz respeito? Ao reproduzimos comportamentos e crenças que reforcem desprezo, preconceito, vaidade, indiferença, discriminação e julgamentos depreciativos em relação à aparência do outro, somos responsáveis. Tornamo-nos os executores da tirania da beleza.

Entendamos: cuidar do corpo é imprescindível. Ao retornar da vida espiritual, cada espírito recebe o corpo mais adequado para sua própria evolução. E por motivo algum deve-se desprezar o corpo material que dispõe, por mais judiado que ele seja (v). E nisso, talvez, esteja uma de suas provas.

Cuidar dele é nossa obrigação, tendo o cuidado de não nos prendermos à adoração do próprio corpo. Critério e moderação garantem o equilíbrio e o bem-estar do ser.

Muitas feiuras externas “desaparecem sob o reflexo das qualidades morais do Espírito”. Com frequência é preferível uma pessoa de elevadas qualidades, mesmo que sua aparência destoe da aparência ideal estabelecida, do que a uma outra que só apresente de bom sua beleza física. A aparência tida como feia consiste tão somente em irregularidades da forma, porém não exclui a fineza dos traços, valores e comportamentos necessários à expressão de sentimentos delicados. (vi)

Conclui-se, então que o ditado “Quem ama o feio, bonito lhe parece” esclarece o que é a verdadeira beleza: os valores espirituais, pois que são eternos.

O Espírito Vinícius esclarece-nos que há dois tipos de espelho. O primeiro é um objeto criado pelo homem, cuja função é refletir a imagem exterior. O segundo tem por finalidade refletir nosso interior, chamado Consciência (vii). Vejamos:

Vemos através dela [Consciência] a imagem perfeita de nossa alma, como no espelho a imagem real do nosso rosto. O espelho dá conta de nossa fisionomia, de nosso semblante, de nossa forma.

A consciência nos revela o espírito, o caráter, os sentimentos mais íntimos e recônditos.

Ambos — espelho e consciência — se prestam ao mesmo fim: compor as linhas da harmonia, reparar os senões, corrigir, embelezar — o espelho, ao corpo, a consciência, ao espírito. Ambos têm a mesma função: refletir com justiça, pondo, diante de nosso próprio critério, o aspecto, a figura exata do nosso físico e do nosso moral, a forma externa e a interna do nosso ser.

O Espírito Lavater, em Obras Póstumas (viii), esclarece-nos que:

Só existe o belo, o realmente belo, naquilo que é belo sempre e para todos. Essa beleza eterna, infinita, é a manifestação divina em seus aspectos incessantemente variados. É Deus em Suas obras, em Suas leis! Eis a única beleza absoluta. É a harmonia das harmonias e temo direito ao título de absoluta, porque não se pode conceber nada de mais belo.”

Continua Lavater:

 “Cada sentimento, cada grupo de sentimentos, desde que seja harmônico, produz um tipo de beleza particular, de que todos os aspectos humanos são, não degenerescência, mas esboços. Assim, é verdadeiro dizer não que somos mais belos, mas que estamos mais próximos da beleza real, à medida que nos elevamos para a perfeição.

E aí, jovem espírita, qual o real padrão de beleza?

Vamos conversar mais sobre esses temas nas nossas próximas lives no sábado às 18h no YouTube com nosso podcast e no domingo às 10h pelo Google Meet com nossa Roda de conversa. Para mais informações sobre nossas lives acesse o site www.cefak.org.br nesses dias e horários para a gente estudar juntos!

(i)https://www.medicina.ufmg.br/busca-por-padroes-esteticos-pode-levar-a-disturbios-alimentares/, consulta em 17.03.2021

(ii) Bulimia: processo presente em pessoas que ingerem comida em excesso, alternada com episódios de vômitos provocados.

(iii) Anorexia: pessoas tenham uma distorção de sua autoimagem, enxergando-se maior ou mais pesadas do que realmente são

(iv) Vigore: preocupação constante em não ser suficientemente musculoso(a)

(v) Conduta Espírita – Perante o corpo

(vi) Obras Póstumas – Teoria do Belo

(vii) Em Torno do Mestre – Os Dois Espelhos

(viii) Obras Póstumas – Teoria do Belo

Vamos conversar mais sobre esse tema nas nossas próximas lives no sábado às 18h no YouTube com nosso podcast e no domingo às 10h pelo Google Meet com nossa Roda de conversa. Para mais informações sobre nossas lives acesse o site www.cefak.org.br nesses dias e horários para a gente estudar juntos!

O que achou do conteúdo? Gostaria de fazer algum comentário sobre o tema? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário!

2 Comments

  1. Márcio

    Muito bom o texto e elucidativo em nos trazer para o tema. Mas essa história de "quem ama o feio bonito lhe parece" merece um estudo mais profundo. Ao falarmos essa frase temos de ver se não há ai intrínseco um preconceito. Na verdade o que é o bonito e o que é o feio? Há um padrão de bonito imposto pela mídia e a gente aceita sem questionar? Há realmente pessoas feias? São questões que merecem discussões e a Doutrina Espírita nos ajuda muito neste ponto.

  2. Redação

    Sim, Márcio, reflexões importantes! A verdadeira beleza é a interior! Infelizmente temos esses padrões distorcidos pela mídia, mas o Evangelho do Cristo nos convida a abrir os olhos para a verdadeira beleza que é o esforço para sermos cidadãos de bem neste planeta!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *